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HOMO SAPIENS

O homem que sabe o que não sabe

O homem que sabe é o mesmo homem que não sabe: eis a evolução. A inteligência humana, encontrou a inteligência artificial. Eis a questão. Ser, ou não ser? A imagem poderá, para sempre, ser modificada. O homem, por dentro da imagem, louva os seus antepassados: vida e morte. O ritual se repete. A busca é inatingível. A guerra, não. A guerra é real. A evolução do homem é tão fabulosa que ele poderá destruir a humanidade. O homem vê o que está diante do olho de vidro: a câmera. O mundo arde: há fogo, música, sexo, fanatismo, corrupção, cinzas, crâneos sendo louvados. O homem que sabe é o mesmo que não sabe. Esse efeito chama-se cognição. Aqui ou do outro lado do mundo. Na próxima imagem você ouvirá o grito do silêncio. Preste bem atenção. Mas esse silêncio dói. Sabe por quê? Porque Deus também dói: poderá ir da glória à mais absoluta ruína. A imagem poderá ser refém do homem. A existência, não. A existência supera qualquer imagem. A existência não é cultura de massa. E isso nenhum ChatGPT dá conta de resolver. A fé também é um efeito cognitivo. Cada ritual é uma consagração: carne, fogo, ar. O corpo sente. Todo abismo tem nome e sobrenome. Toda imagem guarda um segredo. Um instante em que ele é: o mesmo instante. Ou isso, ou nada. 

 

Diógenes Moura
Escritor | Curador de Fotografia | Editor

A curiosidade fotográfica é um dos componentes essenciais para a cura existencial, oscilando entre o grosseiro e o sublime. Para mim, a fotografia solidifica a realidade cruel, em outro momento, retrata a falsa beleza da própria existência, onde o nosso subconsciente comeca a trabalhar de forma apreciativa. Ela também tem o poder de me iludir, assim como me traumatizar, rapidamente me jogando dentro do ensurdecedor silêncio do obvio. Quando fotografo, sinto como se estivesse caminhando entre o que é bondoso e o que e aterrorizante, documentando a realidade e a ilusão, o benéfico, maligno e o racional. A fotografia é crua e literalmente nua, dramatica, às vezes cliche, porém, essencialmente potente em cada situação expressada. Dentro da minha realidade, ela sofre constantes mutações, alimentando a minha autocrítica visual para o que de fato vale a pena registrar. Fotografo há cerca de dez anos e tudo que registrei, até o momento, se transformou em uma fração experimental do que eu gostaria de documentar. Tudo isso me faz entender que prestando bem atenção, ouço também as palavras dos outros como os murmúrios sutis da minha própria alma, que me guiam quando há pressa, para que o barulho e o tumulto do exterior não me deixem incompreende las. 

 

Daniel Taveira
Fotografo

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